terça-feira, 5 de junho de 2012

Biopirataria


   O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade do planeta, tenho cerca de 22% das espécies nativas mundiais. Por esse motivo ele é alvo de um crime bastante preocupante: a biopirataria. Com a retirada dos animais da natureza, houve um grande desequilíbrio ambiental, ocasionando na diminuição das populações, tornando algumas espécies raras. Estima-se que 30% dos animais que são retirados da natureza são exportados para outros países, fazendo com que o tráfico de animais silvestres seja o terceiro maior tráfico, perdendo apenas para o de drogas e o de armas, movimentando em torno de US$ 10 bilhões por ano no mundo. Outro fator importante da biopirataria é o uso de material genético por pesquisadores, para uso em indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Esse material genético é coletado através de secreções dos animais, e foi decretado pelo IBAMA como um crime ambiental.


   Os animais que são traficados são transportados vias fluviais, terrestres e portos secos, principalmente por barcos, caminhões, ônibus interestaduais e até mesmo carros particulares, sempre nas piores condições (em lugares fechados e sem ventilação, muitas vezes sem comida e sem água). Isso ocasiona na morte da maioria deles. De cada 10 animais retirados da natureza, 9 acabam morrendo durante o transporte. Os maiores índices de tráfico são voltados aos chamados “animais exóticos”, originários de outros países. Sua criação em cativeiro não é proibida, mas caso esses animais fujam e disputem com animais locais, pode colocar em risco o equilíbrio ambiental, sendo que novas doenças podem ser transmitidas de uma espécie a outra.

   O tráfico de animais pode ser resumido em uma única frase: quanto mais raro, mais caro. As principais espécies traficadas são aves, tartarugas e macacos, e o comprador paga mais caro se o animal estiver em extinção.

   Podemos dividir a estrutura social do tráfico de animais em 4 níveis:
1 – Intermediários primários: comerciantes ambulantes que transitam entre a zona rural e os centros urbanos;
2 – Intermediários secundários: pequenos e médios comerciantes, que atuam clandestinamente no comércio varejista;
3 – Grandes comerciantes: responsáveis pelo contrabando nacional e internacional de grande porte;
4 – Consumidores finais: criadores domésticos, grandes criadores particulares, zoológicos, proprietários de curtumes, indústrias de bolsas e calçados, cosméticos e fármacos, etc.

    Os animais traficados são vendidos em feiras livres, estradas, aviculturas e até mesmo nas portas de casa. Muitos traficantes costumam maltratar os animais, mutilando-os e os deixando tontos, para que pareçam mansos na hora da venda.

   Quando o animal silvestre é domesticado, ele pode sofrer por ficar em casa, sendo alimentado com comidas inapropriadas e vivendo longe do convívio de outros de sua espécies, ocasionando em mudanças de comportamento. O animal pode se tornar mais agressivo, ou parecer doente, e pode inclusive ter dificuldades em se reproduzir em cativeiro.

   O IBAMA é responsável pelo controle da criação dos animais silvestres, sendo considerada uma “polícia ambiental”. Eles recebem denúncias e agem para combater o tráfico desses animais. Eles os retiram de pessoas que os obtiveram ilegalmente e os devolvem para a natureza, após um processo de readaptação. Porém, grande parte desses bichos não volta a se acostumar com a natureza, e não pode ser devolvida a ela. Algumas instituições e veterinárias são associadas ao IBAMA, podendo receber os animais em casos de denúncias de maus tratos, como por exemplo o Criadouro São Braz, que fica em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Neste lugar encontramos diversas espécies de animais silvestres, desde aves até grandes felinos, sendo todos recolhidos por denuncias de ilegalidade e maus tratos. Em Uruguaiana, a clínica veterinária Vida e Natureza também recolhe estes animais, tratando-os e os enviando para o Criadouro citado acima.

   Mesmo com o controle do IBAMA, o tráfico de animais vem aumentando a cada dia, colocando em risco a sobrevivência das espécies. Precisamos urgentemente de medidas adequadas que possam combater esse crime e ajudar a preservar nosso maior patrimônio: o ambiente.

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