O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade do
planeta, tenho cerca de 22% das espécies nativas mundiais. Por esse motivo ele
é alvo de um crime bastante preocupante: a biopirataria. Com a retirada dos
animais da natureza, houve um grande desequilíbrio ambiental, ocasionando na
diminuição das populações, tornando algumas espécies raras. Estima-se que 30%
dos animais que são retirados da natureza são exportados para outros países,
fazendo com que o tráfico de animais silvestres seja o terceiro maior tráfico,
perdendo apenas para o de drogas e o de armas, movimentando em torno de US$ 10
bilhões por ano no mundo. Outro fator importante da biopirataria é o uso de
material genético por pesquisadores, para uso em indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Esse material genético é coletado através de secreções dos animais,
e foi decretado pelo IBAMA como um crime ambiental.
Os animais que são traficados são transportados vias
fluviais, terrestres e portos secos, principalmente por barcos, caminhões, ônibus
interestaduais e até mesmo carros particulares, sempre nas piores condições (em
lugares fechados e sem ventilação, muitas vezes sem comida e sem água). Isso
ocasiona na morte da maioria deles. De cada 10 animais retirados da natureza, 9
acabam morrendo durante o transporte. Os maiores índices de tráfico são
voltados aos chamados “animais exóticos”, originários de outros países. Sua
criação em cativeiro não é proibida, mas caso esses animais fujam e disputem
com animais locais, pode colocar em risco o equilíbrio ambiental, sendo que
novas doenças podem ser transmitidas de uma espécie a outra.
O tráfico de animais pode ser resumido em uma única frase:
quanto mais raro, mais caro. As principais espécies traficadas são aves,
tartarugas e macacos, e o comprador paga mais caro se o animal estiver em
extinção.
Podemos dividir a estrutura social do tráfico de animais em
4 níveis:
1 – Intermediários primários: comerciantes ambulantes que
transitam entre a zona rural e os centros urbanos;
2 – Intermediários secundários: pequenos e médios
comerciantes, que atuam clandestinamente no comércio varejista;
3 – Grandes comerciantes: responsáveis pelo contrabando
nacional e internacional de grande porte;
4 – Consumidores finais: criadores domésticos, grandes
criadores particulares, zoológicos, proprietários de curtumes, indústrias de
bolsas e calçados, cosméticos e fármacos, etc.
Os animais traficados são vendidos em feiras livres,
estradas, aviculturas e até mesmo nas portas de casa. Muitos traficantes
costumam maltratar os animais, mutilando-os e os deixando tontos, para que
pareçam mansos na hora da venda.
Quando o animal silvestre é domesticado, ele pode sofrer por
ficar em casa, sendo alimentado com comidas inapropriadas e vivendo longe do
convívio de outros de sua espécies, ocasionando em mudanças de comportamento. O
animal pode se tornar mais agressivo, ou parecer doente, e pode inclusive ter
dificuldades em se reproduzir em cativeiro.
O IBAMA é responsável pelo controle da criação dos animais
silvestres, sendo considerada uma “polícia ambiental”. Eles recebem denúncias e
agem para combater o tráfico desses animais. Eles os retiram de pessoas que os
obtiveram ilegalmente e os devolvem para a natureza, após um processo de
readaptação. Porém, grande parte desses bichos não volta a se acostumar com a
natureza, e não pode ser devolvida a ela. Algumas instituições e veterinárias
são associadas ao IBAMA, podendo receber os animais em casos de denúncias de
maus tratos, como por exemplo o Criadouro São Braz, que fica em Santa Maria, no
Rio Grande do Sul. Neste lugar encontramos diversas espécies de animais
silvestres, desde aves até grandes felinos, sendo todos recolhidos por
denuncias de ilegalidade e maus tratos. Em Uruguaiana, a clínica veterinária
Vida e Natureza também recolhe estes animais, tratando-os e os enviando para o
Criadouro citado acima.
Mesmo com o controle do IBAMA, o tráfico de animais vem
aumentando a cada dia, colocando em risco a sobrevivência das espécies.
Precisamos urgentemente de medidas adequadas que possam combater esse crime e
ajudar a preservar nosso maior patrimônio: o ambiente.
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