segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bioma Pampa


O bioma Pampa. também conhecido como Campos Sulinos, corresponde a uma área de aproximadamente 178 mil km², que abrange 63% do território do Rio Grande do Sul (2% do território nacional), Uruguai e Argentina. É caracterizado por um clima subtropical úmido, ou seja, altas temperaturas no verão e baixas no inverno, com chuvas regulares durante todo o ano. O solo, em geral, é fértil e bastante usado para a agropecuária. Em sua porção brasileira, encontramos cerca de 3 mil espécies de plantas (gramíneas, leguminosas e cactos). Nesse bioma encontramos a maior parte do aquífero Guarani.
      No Bioma Pampa, encontramos cerca de 385 espécies de aves (como cisne-de-pescoço-preto, quero-quero, perdiz, marreco e coruja-do-campo), sendo 109 consideradas campestres, 126 de ambiente auático e 126 aves florestais, e 90 espécies de mamíferos (como veados, guaxinins, zorrilhos e tatus), dentre eles 20 espécies de primatas (como o bugio), sendo a maioria endêmica. Cerca de 26 espécies de animais qu habitam campos e 50 espécies de aves estão ameaçadas de extinção na porção brasileira deste bioma. Alguns animais ameaçados de extinção ou que já se encontram em extinção são: lobo-guará, gato-palheiro, tuco-tuco, veste-amarela, cardeal-amarelo, coral verdadeira, toninha, morcego-vermelho, etc. Existem também espécies de peixes endêmicos, como o Cará (endêmicos da bacia do rio Ibirapuitã) e uma espécie de abelhas nativas sem ferrão.
      No caso das espécies citadas acima, podemos afirmar que a intensa atividade de silvicultura do estado não foi o principal fator responsável pela redução das suas populações, porém, somada com outros fatores, se continuar em um ritmo muito acelerado, pode ocasionar na extinção destes animais.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Laboratório de Anatomia Animal

O laboratório de Anatomia Animal da UNIPAMPA, campus Uruguaiana, é o local onde são ministradas as aulas das disciplinas de Anatomia dos Animais domésticos I, II e Anatomia Topográfica para alunos do curso de Medicina Veterinária. A equipe do laboratório desenvolve pesquisas na área de morfologia de animais silvestres do bioma Pampa, com cadáveres recolhidos nas estradas da região. O projeto "Por Dentro dos Animais" é uma atividade de extensão universitária desenvolvida pela equipe do laboratório.
   

Animais Silvestres do Bioma Pampa

CARDEAL AMARELO (Gubernatrix cristata)

Disponível em http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/cardeal_amarelo.jpg&imgrefurl=http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/cardealamarelo.htm&usg=__9U6BLE7h22KD0AXTk93KI21n3ag=&h=330&w=274&sz=19&hl=pt-BR&start=1&sig2=dg6JI0qO6f-2py0w7mOalw&zoom=1&tbnid=N8_gdGe5ttwH3M:&tbnh=119&tbnw=99&ei=DkLPT4nPKNH46QHen-z3Cw&um=1&itbs=1



Status: Em perigo
Tendência Populacional: Diminuindo
Citação: IUCN 2011. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2011,2. <www.iucnredlist.org>. Download em 11 de junho de 2012


O cardeal-amarelo é uma ave que se encontra restritamente em campos sulinos, sendo uma espécie rara. No Brasil, encontramos esse pássaro somente no Rio Grande de Sul. Essa ave está ameaçada de extinção devido a mudanças em seu habitat natural, que foi alterado com o objetivo de tornar as terras mais úteis para a agropecuária da região. Outro fator que desencadeou a redução das populações foi a captura desses animais para criação em cativeiro e para biopirataria (tráfico de animais silvestres). Essa espécie também é encontrada na Argentina e no Uruguai, onde também está ameaçada de extinção. O Parque Estadual do Espinilho possui um projeto chamado Projeto Cardeal-amarelo, que tem como objetivo a conservação dessa espécie e promover atividades de pesquisa e monitoramento do Parque.


NOVINHA-DE-RABO-PRETO (Xolmis dominicanus)
A Xolmis dominicanus, mais conhecida como novinha-de-rabo-preto, é uma ave passeiriforme da família Tyrannidae. É encontrada, no Brasil, no Rio Grande do Sul, mas tendo ocorrências nos estados Paraná e Santa Catarina.
É uma ave com pelugem branca com asas e cauda de cor preta. A fêmea é acinzentada por cima, e ambos os sexos medem em torno de 20 cm. Essa espécie é endêmica de campos de cima da serra, e necessita de mata ombrófila mista para sobrevivência, porém suas populações estão decaindo pelo fato de essas matas estarem sendo substituídas por plantações de Pinus. Costumam viver sozinhos, mas podem conviver com outros bandos, geralmente de espécie icterídea, como o veste-amarela (Xanthopsar flavus), no Rio Grande do Sul.


 GATO-PALHEIRO (Leopardus braccatus)
O gato-palheiro mede de 77 a 90 cm, e pode ser chamado de Gato-dos-Pampas. Vive em lugares abertos, com pasto e capim, e poucas árvores. Seu formato da cabeça é muito parecido com o do gato doméstico, mas possui as orelhas pontudas. Sua pelagem é parda com manchas escuras nas laterais do corpo e nas pernas, formando uma espécie de anéis na sua cauda. Suas unhas não são tão longas quanto nas outras espécies, tendo maior dificuldade em subir em árvores, mas em caso de ameaça consegue subi-las.
São animais de hábito noturno. Tem de 2 a 3 filhotes por ninhada. É encontrado na Argentina (embora seja raro), Chile, Peru, Equador e no Brasil (Mato Grosso do Sul e Rio Grande de Sul). Pode ser encontrado, também, no Uruguai, mas em poucas quantidades. É uma espécie que está ameaçada de extinção, pela destruição de seu habitat natural.


LOBO-GUARÁ (Chrysocyon brachyurus)
Mede em torno de 1,2 a 1,6 metros, com peso médio de 23 kg. É um animal típico do bioma que está em extinção. Possui cor laranja-avermelhada com focinho e extremidades dos membros pretos. Sua cauda é curta e possui a ponta branca. Possui cabeça pequena com orelhas grandes e focinho longo e afilado na extremidade. Uma característica marcante dessa espécie são suas patas longas, sendo as dianteiras menores que as traseiras.
Vive em locais com muita vegetação natural, perto de campos próximos a baixadas ou que tenha matas arbustivas. Dificilmente são encontrados em regiões com habitação humana. Alimenta-se de pequenos animais e de frutos silvestres. São criaturas de hábito noturno e vivem solitários. A fêmea tem de 2 a 5 filhotes por ninhada. No Rio Grande do Sul é um animal extremamente caçado, mesmo já estando ameaçado de extinção.


ZORRILLHO (Conepatus chinga)


Status: Pouco preocupante
Tendência Populacional: Diminuindo
Citação: IUCN 2011. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2011,2. <www.iucnredlist.org>. Download em 11 de junho de 2012
O zorrilho é um animal pequeno encontrado em campos gaúchos. Seu tamanho médio é de 50cm e pode pesar de 1 a 2 kg. Sua coloração varia do preto ao marrom escuro, e apresenta duas listras brancas em seu dorso que se estendem até a cabeça. Seus pêlos são longos e finos em todo o seu corpo. Possui cabeça arredondada com focinho curto e grosso, e orelhas pequenas.

É encontrado em campos limpos, e alimenta-se de artrópodes e pequenos vertebrados, até mesmo de serpentes. Vivem em locais fechados, como buracos, tocas, fendas e rochas, ou até mesmo sob raízes e troncos de árvores. As fêmeas dão a luz na primavera, tendo 4 ou 5 filhotes por ninhada. Quando ameaçados, produzem uma substância volátil com odor forte, para espantar os inimigos, esguichando esse líquido em jatos, a distância de mais de 1 metro. Se essa substância atingir o alvo, pode ocasionar em sérios transtornos. Vive em torno de 10 anos.





BUGIO (Alouatta fusca)
O Bugio é o primata mais encontrado no Rio Grande do Sul. Mede até 75 cm e pesa de 7 a 9 kg. Possui pêlo longo, podendo variar sua coloração de acordo com a idade. Possuem uma tonalidade de voz forte e rouca, devido ao desenvolvimento de seu aparelho hióide, podendo de comunicar com outros de sua espécie através de gritos.
Vivem em pequenos grupos e são chefiados por um macho alfa. São encontrados nos topos de árvores, tanto no período diurno quanto no noturno. Não são animais muito assustados, podendo viver em locais com habitação humana. Alimentam-se de frutos e sementes, assim como pequenos animais, se conseguirem capturar.


GRAXAIM-DO-CAMPO (Pseudalopex gymnocercus)



Status: Pouco preocupante    
Tendência Populacional: Aumentando
Citação: IUCN 2011. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2011,2. <www.iucnredlist.org>. Download em 11 de junho de 2012



Animal encontrado, no bioma Pampa, no leste da Argentina, Uruguai e sul do Brasil. Muitas vezes encontrado junto a cachorros-do-mato.
 É um animal relativamente grande, medindo entre 86 a 106 cm de comprimento, pesando de 3 a 8 kg. Em seu dorso, a pelagem é de cor cinza-amarelada, sendo mais clara na região ventral, com pêlos esbranquiçados. Possui uma listra preta com alguns pelos brancos em seu dorso. Seu focinho é afilado na extremidade e sua cauda é longa e peluda, com pêlos das cores cinza, vermelho e preto.
Vive sozinho, com hábitos noturnos. Durante o dia se esconde em lugares fechados, geralmente cavados por eles mesmos. Alimenta-se de frutos, cana-de-açúcar, insetos, pequenos vertebrados, répteis, anfíbios, peixes, pequenos roedores, etc.
Seu período de acasalamento varia de agosto a dezembro, e a gestação dura de 58 a 60 dias, e sua ninhada pode variar de 3 a 5 filhotes. Não é um animal veloz. É bastante caçado por humanos, principalmente nas regiões do Rio Grande do Sul e Argentina, geralmente para retirarem sua pele para fins comerciais, porém não está ameaçado de extinção.


QUERO-QUERO (Vanellus chilensis)
É uma ave da ordem  Charadriiformes e a família Charadriidae, que também pode ser conhecida como tetéu, téu-téu, ero-ero, espanta-boiada. É comum no Brasil, e é considerado o símbolo do Rio Grande do Sul.
Mede aproximadamente 37 cm e seu peso médio é de 277 gramas.  Em suas asas, encontramos um esporão pontudo com aproximadamente 1 cm de comprimento, e tem estrutura óssea. Esse esporão é apresentado ao inimigo em um alçar de asa ou durante o vôo. Sua pelagem é preta, branca e acizentada. Possui penas longas na região posterior da cabeça. Sua íris e suas pernas são de cor avermelhada.
Sua alimentação consiste em invertebrados e alguns peixinhos que encontram na lama, ou até mesmo artrópodes e moluscos terrestres. Colocam em torno de 3 a 4 ovos por primavera, em locais engravatados no solo. Seus ovos tem formato de pêra. Os filhotes abandonam o ninho pouco após a desovação.
Encontramos essa ave em banhados, pastagens, campos de futebol, ou próximos a fazendas. É uma espécie que briga com intrusos que invadem seu domínio, e até mesmo com aqueles que habitam o mesmo local. Seus gritos são o primeiro alarme de invasão.


PACA (Agouti paca ou Cuniculus paca)
A  Agouti paca é um representante dos roedores encontrada em regiões tropicais e sub-tropicais, desde o México até o Rio Grande do Sul. Mede de 60 a 70 cm, pesando de 5 a 12 kg. Possui corpo robusto, alongado. Suas patas são fortes e curtas, com 4 dedos nos membros torácicos e 5 dedos nos membros pélvicos. Suas garras são espécies de cascos e sua cauda é rudimentar e nua.
         Seus pêlos são ásperos e curtos, com 3 a 5 listras longitudinais, de manchas claras nas laterais do corpo. Na região ventral, os pêlos são mais finos de cor branca ou amarelada. É um animal terrestre com hábitos noturnos. Vive solitário em áreas florestadas perto de rios e banhados. Alimenta-se de folhas e frutos.
         Fazem seu ninhos em barrancos, com mais de uma saída, normalmente. Sua ninhada tem, geralmente, apenas um filhote, e a gestação dura em torno de 115 dias. No geral não estão ameaçadas de extinção, mas isso ocorre em algumas áreas devido a caça e a destruição de áreas florestais. 


GATO-MARACAJÁ (Leopardus Wiedii)
O gato-maracajá é caracterizado por apresentar uma cauda que possui 7% do seu comprimento total. Possui olhos e patas grandes. É bastante parecido com a Jaguatirica.
         Não é considerado um animal grande, mede em torno de 38cm e seu peso varia de 2,3 a 4,9 kg. Sua pelagem é amarelo-acizentada, possuindo regiões de cor castanha, e apresenta manchas com tamanhos e formas variados. Tem bastante facilidade em subir em árvores, o que garante a ele maior proteção.
         Animal de hábitos noturnos. Sua gestação dura em torno de 81 a 84 dias, e nasce apenas um único filhote por ninhada. Está ameaçada de extinção.


TUCO-TUCO (Ctenomys flamarioni)

Encontramos esses roedores na primeira linha de dunas, que são formações eólicas e marinhas na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, em galerias subterrâneas escavadas por eles mesmos. Esses animais possuem um dimorfismo sexual, sendo os machos maiores e mais pesados que as fêmeas. No entanto, o número de fêmeas é maior que o número de machos.
         São animais solitários e seu nome é dado pelo som emitido pelos machos quando se sentem ameaçados. Alimentam-se de folhas e gramíneas. Seu período reprodutivo é maior na primavera e no verão, o que nos permite supor que o acasalamento ocorre entre maio e setembro e os nascimentos entre setembro e fevereiro. Está ameaçado de extinção.


MORCEGO-VERMELHO (Myotis ruber)


Disponível em http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.morcegolivre.vet.br/myotis_Itibere2.jpg&imgrefurl=http://www.morcegolivre.vet.br/myotisruber.html&usg=__NzdffkwkKQ3enco-EU3V3h8gJog=&h=480&w=640&sz=49&hl=pt-BR&start=1&sig2=qe1nMOAKli_MXGMs59lnfw&zoom=1&tbnid=qMdQsF2OEZm1YM:&tbnh=103&tbnw=137&ei=OkjPT8-VKcef6AHMqNGpDA&um=1&itbs=1



Status: Quase em perigo   
Tendência Populacional: Desconhecida
Citação: IUCN 2011. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2011,2. <www.iucnredlist.org>. Download em 11 de junho de 2012


Entre o gênero Myotis, o morcego-vermelho (Myotis ruber) é um dos maiores. Sua envergadura mede em torno de 25 cm, pesando aproximadamente 6 kg.
 Possui orelhas são pontudas e mais curtas que o comprimento da cabeça. Sua coloração é castanha-avermelhada. No dorso do uropatágio a pelagem é densa no terço basal. Sua alimentação consiste em insetos. Está ameaçado de extinção.


TONINHA (Pontoporia blainvillei)
A toninha é um cetáceo bastante ameaçado no Atlântico Sul ocidental. É endêmica das águas costeiras dessa região. Vive em profundidades de até 50 metros. Sua maturidade sexual é atingida entre 2 e 5 anos o macho e 3 anos a fêmea. Os machos medem em torno de 115 cm de comprimento, enquanto as fêmeas são maiores, podendo atingir 130 cm.
Sua período para reprodução pode ocorrer uma ou duas vezes por ano, e sua gestação dura de 10,5 a 11,2 meses. O filhote mede em torno de 70 a 80 cm de comprimento. Alimentam-se de teleósteos e cefalópodes. Suas presas medem até 10 cm. Vivem em grupos pequenos, de 2 a 5 indivíduos, geralmente, podendo viver em grupos com poucas dezenas. 


RATO-DO-MATO (Wilfredomys oenax)



Status: Em perigo
Tendência Populacional: Diminuindo
Citação: IUCN 2011. IUCN Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Versão 2011,2. <www.iucnredlist.org>. Download em 11 de junho de 2012

Não foram coletados muitos dados até hoje sobre o Wilfredomys oenax, mas podemos concluir que é um animal restrito a áreas descontínuas na porção mais meridional da Mata Atlântica e Pampa. Sua pelagem é longa e macia, e sua coloração, no dorso, é castanho-amarelada, e é amarelado ventral e lateralmente. Tanto o membro torácico quando o membro pélvico são recobertos por pêlos com coloração acanelada. Possui uma caixa craniana arredondada.
         Mede em torno de 280 a 315 mm mais a cauda, que mede de 168 a 186 mm. Esse animal pesa entre 34 a 61 gramas. Foi registrado no Rio Grande do Sul, Paraná e Uruguai. Está ameaçado de extinção.


VESTE-AMARELA (Xanthopsar flavus)
A Xanthopsar flavus é uma ave que habita campos e banhados, sendo encontrado em regiões marítimas. No Brasil, vive em regiões campestres com banhados de turfa (área úmida com ciperáceas e gravatás). Sua alimentação consiste em insetos e larvas.
         Sua reprodução ocorre na primavera e no verão, pondo seus ovos em regiões de vegetação densa perto de banhados. Podem viver em grupos grandes, de até 25 ninhos, que são formados por folhas grosseiras e amarrada a plantas do banhado. Colocam de 1 a 5 ovos, geralmente em novembro. A incubação dos ovos dura de 12 a 13 dias, e os filhotes permanecem durante 12 dias no ninho. Está ameaçado de extinção.



Parque do Espinilho


O Parque Estadual do Espinilho é uma Unidade de Conservação do Bioma Pampa localizado em Barra do Quaraí, RS. Foi criado em 1975 pelo Decreto Estadual nº 23.798, iniciando com uma área de 276 hectares, que, em 2002, foi ampliada, ocupando agora 1.617,14 hectares. O nome do parque foi dado por uma árvore chamada Espinilho, típica da região, que pode atingir 3 metros de altura.
Assim como a flora, a fauna desse parque é exuberante. Ele preserva espécies como capivaras, pacas, graxains, lontras, jaguatiricas, socós, taxans, cervos galhados, veado virá, colhereiros e diversas espécies de pássaros menores. Mas, dentre todas as espécies encontradas no parque, a que chama mais a atenção é o cardeal-amarelo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Biopirataria


   O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade do planeta, tenho cerca de 22% das espécies nativas mundiais. Por esse motivo ele é alvo de um crime bastante preocupante: a biopirataria. Com a retirada dos animais da natureza, houve um grande desequilíbrio ambiental, ocasionando na diminuição das populações, tornando algumas espécies raras. Estima-se que 30% dos animais que são retirados da natureza são exportados para outros países, fazendo com que o tráfico de animais silvestres seja o terceiro maior tráfico, perdendo apenas para o de drogas e o de armas, movimentando em torno de US$ 10 bilhões por ano no mundo. Outro fator importante da biopirataria é o uso de material genético por pesquisadores, para uso em indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Esse material genético é coletado através de secreções dos animais, e foi decretado pelo IBAMA como um crime ambiental.


   Os animais que são traficados são transportados vias fluviais, terrestres e portos secos, principalmente por barcos, caminhões, ônibus interestaduais e até mesmo carros particulares, sempre nas piores condições (em lugares fechados e sem ventilação, muitas vezes sem comida e sem água). Isso ocasiona na morte da maioria deles. De cada 10 animais retirados da natureza, 9 acabam morrendo durante o transporte. Os maiores índices de tráfico são voltados aos chamados “animais exóticos”, originários de outros países. Sua criação em cativeiro não é proibida, mas caso esses animais fujam e disputem com animais locais, pode colocar em risco o equilíbrio ambiental, sendo que novas doenças podem ser transmitidas de uma espécie a outra.

   O tráfico de animais pode ser resumido em uma única frase: quanto mais raro, mais caro. As principais espécies traficadas são aves, tartarugas e macacos, e o comprador paga mais caro se o animal estiver em extinção.

   Podemos dividir a estrutura social do tráfico de animais em 4 níveis:
1 – Intermediários primários: comerciantes ambulantes que transitam entre a zona rural e os centros urbanos;
2 – Intermediários secundários: pequenos e médios comerciantes, que atuam clandestinamente no comércio varejista;
3 – Grandes comerciantes: responsáveis pelo contrabando nacional e internacional de grande porte;
4 – Consumidores finais: criadores domésticos, grandes criadores particulares, zoológicos, proprietários de curtumes, indústrias de bolsas e calçados, cosméticos e fármacos, etc.

    Os animais traficados são vendidos em feiras livres, estradas, aviculturas e até mesmo nas portas de casa. Muitos traficantes costumam maltratar os animais, mutilando-os e os deixando tontos, para que pareçam mansos na hora da venda.

   Quando o animal silvestre é domesticado, ele pode sofrer por ficar em casa, sendo alimentado com comidas inapropriadas e vivendo longe do convívio de outros de sua espécies, ocasionando em mudanças de comportamento. O animal pode se tornar mais agressivo, ou parecer doente, e pode inclusive ter dificuldades em se reproduzir em cativeiro.

   O IBAMA é responsável pelo controle da criação dos animais silvestres, sendo considerada uma “polícia ambiental”. Eles recebem denúncias e agem para combater o tráfico desses animais. Eles os retiram de pessoas que os obtiveram ilegalmente e os devolvem para a natureza, após um processo de readaptação. Porém, grande parte desses bichos não volta a se acostumar com a natureza, e não pode ser devolvida a ela. Algumas instituições e veterinárias são associadas ao IBAMA, podendo receber os animais em casos de denúncias de maus tratos, como por exemplo o Criadouro São Braz, que fica em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Neste lugar encontramos diversas espécies de animais silvestres, desde aves até grandes felinos, sendo todos recolhidos por denuncias de ilegalidade e maus tratos. Em Uruguaiana, a clínica veterinária Vida e Natureza também recolhe estes animais, tratando-os e os enviando para o Criadouro citado acima.

   Mesmo com o controle do IBAMA, o tráfico de animais vem aumentando a cada dia, colocando em risco a sobrevivência das espécies. Precisamos urgentemente de medidas adequadas que possam combater esse crime e ajudar a preservar nosso maior patrimônio: o ambiente.